domingo, novembro 20, 2022

por este RIO ACIMA

Leio num, num não em vários, posts que faz 40 anos que foi editado o Álbum "Por Este Rio Acima".

Como assim, quarenta anos? Quarenta e sete tenho eu e o "Por Este Rio Acima" não apareceu depois de mim. Não há antes nem depois. No início era o verbo e a música era esta. Ponto. Não há aniversário nem idade. É. 

Quantas crianças cresceram, de letras na mão, levantando e baixando a agulha até conhecer de cor cada cantiga, cada respiração, todas e cada uma das vibrações, dos pequenos ruídos, que incomodavam tanta gente que acabou por se inventar o CD (para agora voltar ao vinil, e aos tais ruídos)?... Imagino que muitas, que não fui caso único, aliás lá em casa era eu e a minha prima, cantoras solistas à vez para ninguém se zangar. E as duas crescemos e crescemos e demos frutos e amadurecemos, com o "Por Este Rio Acima" como banda sonora, daquelas que estão lá sempre, mesmo quando quase não se dá conta dela, até que numa reviravolta do guião volta, senhora dos silêncios e sentimentos, cantando em toda a sua plenitude.

Como assim, quarenta anos? O Fausto não é mais novo nem mais velho, nem agora nem na altura (quando eu era criança). Está assim numa idade estanque, entre os trinta e os quarenta. Que nem interessa especificar. É.

Hoje vou ver o Fausto. Passaram quarenta anos, dizem. Seriam muitos anos se, ele o Fausto, ele o disco, não fossem eternos e imateriais, parte integrante e constituinte, irrepetível e incontornável da minha história. Da nossa história. Da nossa cultura. E é assim que vou, hoje, entrar na Aula Magna, segundo concerto marcado depois do primeiro esgotar em poucas horas, com a perfeita consciência de que o "Por Este Rio Acima" É intemporal e o Fausto É intocável, pelo tempo, pelas modas, pelas maleitas da vida. Os dois são, e no fundo nem seria necessário usar o plural, desde sempre e para sempre.

Ponto.


Liliana