quarta-feira, setembro 25, 2019

Crónicas duma separação consumada II

Não sei se tenho de vos pedir desculpa por não ser "só" vossa, por completamente impossível que seja deixar de ser.
Não pedirei, com certeza, por decidir seguir o caminho que me leva de volta a mim (e por consequência a vocês).

Talvez devesse, a seu tempo, ter pedido desculpa, a cada um. Por não seres único. Por não seres o mais novo. Por não seres para sempre bebé. 
Não pedirei, com certeza, por vos saber meus desde que vos soube parte de mim, por dentro mesmo, a crescer.

Não sei se vos devia pedir perdão pelos meus dias de lua nova que, por muito que não queira, acabam por encobrir os vossos céus. 
Não pedirei, com certeza, pela natureza que se me entranha, ora Primavera com os sonhos brotando em flor, ora Inverno com cheias e tremores de terra.

Não sei se preciso pedir desculpa pelo espaço, mais escasso, menos largo, que tenho comigo para partilhar. 
Não pedirei, com certeza, pelas tentativas e erros da vontade de o tornar mais nosso. 

Ainda assim, continuo sem saber se devo esperar algum tipo de resposta, mesmo que embrulhada num qualquer "maqueique" depois dos meus 'bons dias' a piscar nos visores dos telemóveis.
Não espero, com certeza, grandes conversas sobre lágrimas que nem deixo que vos humedeçam os dedos. 

Sei, por pouco que seja, que tudo farei para não vos cobrar nem culpabilizar das curvas apertadas do caminho. E que não posso, tão pouco, deixar martirizar-me pelas geadas das manhãs.

Mas... Será que posso pedir que não fechem o mundo em dois universos infinitamente paralelos, onde vivo de acordo com as semanas, alternando entre o estar e o vazio?
Fica a ideia no ar...

Com muito amor, 
Mãe