E de repente as palavras caem no silêncio e ecoam no mar inesperado dos sentidos
(Percebeste o peso do que disseste?)
E de repente o sorriso aberto rasgando o dique que continha os sentimentos abafados
(Apercebeste-te que o disseste?)
E de repente as memórias guardadas na caixa dos sinais de perigo, a desfocar, a perder a côr, a esconder a dor
(Sabes da fragilidade que, ao conjugar o verbo, desnudaste?)
E uma calma que se instala num querer subitamente, e apesar dos pesares, possível
(Será que o disseste?)
E um medo que se amaina numa vontade que diz real
(Será que o sentes?)
E o silêncio que ecoa no corpo depois do reboliço no coração
(Será que te ouvi dizê-lo?)
E a dúvida que espreita atrás de cada silêncio
(Será que acredito?)
E a espera da confirmação na volta de cada palavra, em busca do sorriso que denuncia a fragilidade e desfoca a dor
(Será que o vais repetir?)
Liliana Lima