Quando se agitam as águas
e as ondas rebentam nas rochas
Quando o leito se enche
e rio galga as margens
Quando o grito se afoga
e a corrente me puxa para o fundo
Quando sou eu mesma
a nascente do rio
Quando se alaga o sentir
e se molham os olhos
Quando nado em circulos
e não saio de onde estou
Quando sem vento, as velas
frouxas não me levam daqui
Quando a maré alta
me salga as certezas
Quando a Lua se apaga
E o mar escurece
Quando te digo tudo o que não te sei dizer
Quando sinto no peito um oceano de receios
Quando perco o pé e me encontro à deriva
Fecha as barragens e contém-me em ti
Lança a bóia e puxa-me para ti
Solta a âncora para que não me afaste de ti
Acende o farol para que não me perca de ti
Liliana Lima
Liliana Lima