terça-feira, julho 21, 2015

Mornas

Nas noites mornas de Verão, o Sol dança com o horizonte numa tela de laranjas-rosadas, e a Lua acende os teus olhos.
Ainda que por breves momentos.
Iluminas com um só olhar o tanto que guardo no cesto das aguarelas por pintar.
O luar espreita timidamente pelo véu da noite recém-pintada e sorri para a mão que apertas em volta da minha, que se torna, de repente, o centro do meu centro nevrálgico.

O tempo, que agora dança com as estrelas, avança num ritmo mais lento que o ritmo certo e diz-me do teu tempo, que corre atrás das horas mas que, agora, páras só para mim.

O rio embala os sonhos que, nos teus lábios nos meus, se tornam súbita e urgentemente reais. O teu calor no calor morno da noite aquece as vontades que acordam desalinhadas com a corrente.

No teu corpo o meu corpo floresce. Aqui já não sei do cesto das aguarelas por pintar. Todas as formas são delicadamente desenhadas pelos dedos que num arrepio húmido forçam o respirar e soltam a energia embriagante apaga todas as sombras.

Nas noites mornas de Verão.
Os sonhos no meu centro nevrálgico.
Ainda que por breves momentos páras o teu tempo só para mim.
Com um só olhar, as formas delicadamente desenhadas. 
A tua mão no meu corpo que floresce. 
Os dedos num arrepio húmido que espreita timidamente pelo véu da noite...


Liliana