quarta-feira, outubro 30, 2013

Aqui

É no silêncio dos meus dias que distribuo o vento e a claridade que em mim se misturam e, em (des)equilíbrio convivem.

É no fundo do mais fundo do meu ser que giro as duas faces da mesma moeda que sou que estou que sinto que vivo.

Jogo no tabuleiro do meu corpo cada partida diária deste jogo sem fim, avançam as negras recuam as brancas nenhumas ganham, apenas se sobrepõem alternadamente a cada avanço dos ponteiros do tempo, do meu tempo.

E avanço (e paro) à força dos dados que lanço, não sei se lanço eu se eles próprios, avanço (e paro) com o vento que derruba as peças negras e mostra a face oculta da moeda. E avanço (e paro) com os olhos semi-cerrados pela claridade que me baralha a jogada e faz cair a moeda.

É assim, no silêncio dos meus dias. Onde não há espaço nem tempo nem vida, só silêncio e eu, bailarina a dançar dentro da caixinha de música.

Aqui sinto tudo, porque não há muros nem colchões para abafar o impacto de cada movimento.
Aqui me percebo e me perco.
Aqui te lembro ou te afasto.
Aqui me deixo levar e digo não!
Aqui sou, porque estou só.
Aqui choro e dou gargalhadas.
Aqui fico e fujo.
Aqui te digo o que não te digo.
Aqui te quero e não te procuro.
Aqui sinto tudo e aqui sou.

É no silêncio dos meus dias que me completo, de branco ou de negro, com vento ou claridade com as duas faces de uma só moeda.

Aqui, no meu silêncio.

Liliana