A idade para mim é assim uma coisa estranha, perdida entre os anos que passam/ passaram/ hão-de passar/ e o tempo, amorfo, que sinto pesar dentro de mim.
Nem sempre coincidem, estas duas realidades. Aliás, raramente coincidiram os anos que festejo e os anos que senti ter ao longo da vida.
Não me preocupa esta dissonância, este desequilíbrio externo/interno, que ronda o equivalente a uma década.
Com esta dança aproximei-me da geração anterior sendo que não é dela que faço parte, aprendi a crescer no mundo sem deixar de brincar por entre as suas ruas e vielas, li os livros, vi os filmes e cantei as canções antes do tempo sem perder o tempo dos meus afazeres.
Hoje, continuo com este desfasamento em mim.
Normalmente não penso nisso, mas com o virar de mais dez anos à espreita, às vezes assusto-me com os meus próprios enganos e tenho de fazer contas até chegar ao número certo.
Que afinal, é só um número.
Porque, na verdade, sou mais da geração anterior e, no entanto, não é dela que faço parte.
A idade para mim é assim uma coisa estranha...
Liliana