sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Dei-me

Quando chegaste noticiaste que haverias de sair, disseste-o com um ar sério de quem quer deixar bem clara a sua posição.
Acedi. 
Concordei. 
Compreendi. 
Aceitei.

Entraste e abri-te a porta de par em par, dei-te espaço para te acomodares e guardei-te o melhor que consegui na casa das emoções.
Sempre te soube de outras margens.
Às vezes vi-te muito longe de mim.
Entreguei-me conhecendo o destino do teu olhar.

Senti o dia de partires chegar. Espelhava-o a tua voz, dizia-o o vento, cantava-o o mar, mostravam-no as estrelas. 
Chorei.
Resmunguei.
Compreendi.
Aceitei.

Dera-me sabendo que não te darias em troca, e nunca te pedindo isso.
Não há pagamentos no amor.
Dei-me, apenas. 
E dar-me-ia outra vez.



"...o menino partiu e a árvore ficou feliz"

Liliana