um oceano tão largo,
uma noite tão escura...
Cabem todos dentro de mim
e são-me e eu sou-os
sempre e a cada passo,
ainda que escondidos e
mesmo que esquecidos
Porquê em mim?!
Alguém tem de conter as águas.
O oceano obedece à lua.
E a noite, essa, é só o outro lado do dia.
Mas está gravado tão fundo este poço...
É tão pesado este oceano...
É tão escura e demorada esta noite...
Porquê em mim?!...
Porque vos trago colados ao corpo como chagas
de dor que engulo com a certeza
de que poucos conseguiriam entender?
Porque me perseguem dia e noite
num eterno desalinho que, aparentemente,
só eu vejo e sinto?
Porque não vos consigo enfiar no armário
das bonecas antigas e dos brinquedos partidos,
fechar bem fechados e deitar a chave ao Tejo?
Porquê?!...
Liliana