avança devagar,
quase que tímida,
quase que indecisa,
quase que contrariada,
reprimida.
O toque
desbloqueia a timidez,
e deixa deslizar as mãos
que se encontram
e se perdem pelos
dois corpos.
A respiração
aumenta a velocidade
e a espiral roda
com ela e através dela.
Quero-te.
Não tenho dúvidas,
todo o meu corpo o grita
no silêncio da lua.
Queres-me.
Sinto-o também,
nas tuas mãos que
me percorrem,
no teu corpo que
se junta ao meu.
Os lençóis
enrolam-se em nós
enquanto na
sala, a televisão
projecta um filme
para um público inexistente.
Ali, no quarto,
os dois
vamo-nos tornando num.
As pernas
que se enrolam
e se baralham.
As mãos
que percorrem
toda a pele
e se juntam
e se afastam.
Os dois corpos,
um que se tornam,
no ritmo que aumenta
com o bater do coração.
O atingir do auge e
o retomar dos ritmos
e das formas.
A espiral
abranda calmamente,
até parar por fim
num suspiro profundo.
Liliana