Aperta-se-me o peito quando inspiro.
Procuro, vasculho no subconsciente um recorte que me ajude a entender esse espartilho que me prende.
As janelas não me mostram nada de novo e as palavras só me descrevem imagens conhecidas.
Pergunto ao espelho se a onda que me molha vem do mar que corre dentro de mim. Sorri para mim e confirma com a cabeça sem nada dizer.
Procuro a paz num suspiro profundo. Mas os músculos estão tensos e o corpo em alerta. Rodo o pescoço enquanto percorro o teclado com a ponta dos dedos. Nada me tranquiliza, nem a certeza de que o mundo continua sem mim, nem a força de te querer feliz, não tenho vontade de sonhar.
Levanto-me todas as manhãs apenas para vos dar a mão. Para manter este cenário onde estendo o arco-íris na corda da roupa e penduro o sol no varão das toalhas. Os meus sorrisos procuram encantar-te a ti, tanto quanto a mim. E a minha canção queria ser o embalo da minha alma.
Aperta-se-me o peito quando respiro.
Luto comigo para soltar as minhas asas, mas sou eu própria quem as prendem e enlaça com cordas de mágoas.
Saberei encontrar a ponta do fio com que me enrolo a cada madrugada e libertar a vontade e silenciar os medos e alegrar o pensamento?
Olho para a porta da ponta de cá do corredor. Puxo as cordas para esticar o arco-íris, mas não consigo fazê-lo voar.
Aperta-se-me o peito enquanto suspiro...
Liliana