segunda-feira, maio 07, 2012

Palavras...

Estende a mão até às minhas palavras, dá-lhes tempo para respirar,  lê-as devagar e aperta-me com força dentro do teu abraço. Não as apresses, não as forces, deixa que se aproximem de ti e te digam do cheiro do rio e das cores da lua. Responde-lhes, dá-lhe colo. Não desistas delas.

Estende a mão até estas palavras e olha-as nos seus múltiplos significados. Entende o que dizem sem dizer. Vê o que mostram sem se despir. Sente quando te tocam, ainda que a fugir. Acaricia o que te dizem, não as abandones. Estive tanto tempo fechada nas palavras erradas...

Sentes a voz que ecoa no silêncio? Percebes que, ao escutá-la, estás a libertar-me de dentro de mim?
Ajuda-me a sair por entre a maré vaza e esta lua nova que comanda os humores e gira em torno do mar. 

Se não me entenderes olha por elas, não as abandones. Guarda-as num suspiro e cuida-as até ao verão. Depois, numa noite quente, grita-as bem alto e solta-as no cimo dum barco. Deixa-as voar e mergulhar no fundo do rio. Vigia o seu caminho e dá-lhes um atalho caso queiram voltar. Estende-lhes a mão, mas não apertes demais.

Lê o que digo e ouve o que escrevo, é contigo que estou a falar.

Liliana