Estava sentada a boneca num canto da sala, estava
sentada olhando o nada em que, todos os dias, mergulhava
De vestido franzido e faces rosadas, a boneca,
sem saber que o era, olhava o vazio não entendendo onde se perdera
Estava boneca, estava canto, estava vazia sentada na sala
Na verdade, nem sabia, que alguém poderia encontrá-la
Os sapatos e vermelhos e a fita amarela compunham a pintura
e ela, boneca sentada num canto da sala, o retrato perfeito da candura
A lua trepou sobre pano preto da noite, o vento soprou e os seus cabelos dançaram,
o mar rebentou e todas as águas do mundo ondularam
E a boneca, sentada, a sua sombra distorcida no lago olhou
O sol nasceu numa manhã ao acaso, e um cavalo de pau por ela passou
Espantou-se a boneca, e sentada num canto ao espelho espreitou
Viu o cavalo e o seu cavaleiro, viu o vestido franzido e as faces rosadas
Falou com o cavaleiro do cavalo de pau dos moinhos de vento e das muitas cruzadas,
reconheceu-se nessa urgência de fugir para não se aprisionar ao momento
e, aos poucos, boneca de trapos sentada num canto, levantou-se e dele se aproximou
Assustado o cavaleiro, abanou o cavalo de pau e perdeu-se na sua imensidão
Olhando pela janela a boneca viu-o cair e arrancando um trapo seu, correu para o ajudar
Fechou-se ainda mais o moinho com o seu cavaleiro, boneco sentado num canto, ainda a sangrar
Sozinha, na sua sala interior, a boneca preparou-se para ao vazio voltar
Estava sentada a boneca num canto da sala, estava
sentada, sonhando com os moinhos e aventuras que o cavalheiro lhe lembrara
sentada olhando o nada em que, todos os dias, mergulhava
De vestido franzido e faces rosadas, a boneca,
sem saber que o era, olhava o vazio não entendendo onde se perdera
Estava boneca, estava canto, estava vazia sentada na sala
Na verdade, nem sabia, que alguém poderia encontrá-la
Os sapatos e vermelhos e a fita amarela compunham a pintura
e ela, boneca sentada num canto da sala, o retrato perfeito da candura
A lua trepou sobre pano preto da noite, o vento soprou e os seus cabelos dançaram,
o mar rebentou e todas as águas do mundo ondularam
E a boneca, sentada, a sua sombra distorcida no lago olhou
O sol nasceu numa manhã ao acaso, e um cavalo de pau por ela passou
Espantou-se a boneca, e sentada num canto ao espelho espreitou
Viu o cavalo e o seu cavaleiro, viu o vestido franzido e as faces rosadas
Falou com o cavaleiro do cavalo de pau dos moinhos de vento e das muitas cruzadas,
reconheceu-se nessa urgência de fugir para não se aprisionar ao momento
e, aos poucos, boneca de trapos sentada num canto, levantou-se e dele se aproximou
Assustado o cavaleiro, abanou o cavalo de pau e perdeu-se na sua imensidão
Olhando pela janela a boneca viu-o cair e arrancando um trapo seu, correu para o ajudar
Fechou-se ainda mais o moinho com o seu cavaleiro, boneco sentado num canto, ainda a sangrar
Sozinha, na sua sala interior, a boneca preparou-se para ao vazio voltar
Estava sentada a boneca num canto da sala, estava
sentada, sonhando com os moinhos e aventuras que o cavalheiro lhe lembrara
Liliana