sei que tens de o fazer, avançar, correr...
Vejo-te ao fundo, na avenida das lembranças,
pequenas flores que abrem quando andas.
E eu que não te quero perder...
Sinto-te longe, distante
e sei que tens de o fazer, parar e viver.
O meu coração grita, explode, triste visitante
das terras de quem tem de te largar.
E eu que te continuo a querer, amar.
O meu corpo parte-se, desfaz-se,
nestas ondas rasgadas do nosso profundo mar,
onde ainda oiço o gemido que me fez transpirar.
Será que o teu corpo, sente o meu chamar?
Mas eu sei, tenho de te deixar voar...
Liliana
"Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo"
"Poema do adeus" de Mia Couto