terça-feira, maio 31, 2011

Sou solidária?!

Sou solidária? Deveras? Assim, sem falsos escapes, ou verdadeiros embaraços?

Não falo da solidariedade geral que sentimos com o mundo e com todos os que sofrem e que nos faz participar numa recolha de recolha de alimentos ou verbas.

Não.

Falo de ser solidário para com quem está connosco, quem precisa que nos dêmos.
Falo de ser solidário no dia-a-dia quando os olhos de quem se senta ao nosso lado nos dizem para nos sentarmos frente-a-frente e nos darmos em palavras tantas vezes sofridas, tantas vezes suadas.

Falo de ser solidário assim, de forma a estar atentos e vermos que mão nos pede para nos darmos em sentimentos.
Falo de ser solidário, quando aquele que menos esperamos espera que nos consiguemos dar em apoio naquele passo em frente, ou quem sabe, para não dar aquele mesmo passo.

Falo de ser solidário nas horas que os medos dormem, mas em que vemos uma luz acesa que nos pede para nos darmos em valentia e afastar aquele fantasma.
Falo de "ser solidário, assim, para além da vida" e de tudo o que nos faz correr, e não deixarmos de nos dar porque "minha mãe não dorme enquanto eu não chegar...".

Falo em ser solidário antes de limitarmos a solidariedade a pacotes de leite e latas de atum, necessários, mas que não matam a fome de amor aos que nos estão próximos.
É que falo em ser solidário assim, de verdade connosco e com "tudo o que temos para nos dar".

Porque "cá dentro inquietação, inquietação" que cresce como um vazio que me enche sempre que não me dou.



Liliana