terça-feira, maio 31, 2011

Do nascer dos medos...

Sinto a tua falta como um peso que não consigo tirar e que carrego comigo para onde vou.
Estou só e chóro um choro ferido, assustado. Mãe!
A tua ausência fere-me e a dor percorre os meus dias e invade as noites onde, em vão, tento dormir.
Não tenho resposta, o medo avança e os meus gritos aumentam com o choro onde me perco e me reencontro. Mãe!
O silêncio perturba-me por não te saber, dói-me a distância que me aperta o peito e não me deixa respirar.
Dentro do berço, mundo que me prende e de onde não sei sair, continuo a chamar pela ajuda que não vem.
As saudades deixam-me imersa numa ansiedade que me prende numa rede de sofrimento.
Invadem-me sensações que desconheço, mas que me falam de perigo. Grito, chóro. Mãe!
Procuro-te, perco-te na agitação dos dias e perco-me no medo de não te reencontrar.
Esperneio dentro do berço que se abana, todos os medos me assaltam, estou só e não me sei defender.

Mas eu sei que existes, estás aí, mesmo quando não te vejo, mesmo quando não te tenho ao meu lado. E no entanto uma voz antiga, mais antiga que a vida, mais antiga que a morte, me diz que estou só, sempre só.
Cansada do choro ouço o enorme silêncio enquanto soluço, não me sei segura, preciso recomeçar a chorar.
Espero-te e desespero com medo de não te reencontrar, afinal nunca me senti em paz sozinha.
O meu choro recomeça e atravessa a sala e as paredes e o imenso mundo que desconheço. Mãe!!!

Finalmente estamos juntos, sinto-te, vejo-te, cheiro-te, abraço-te e deixo-me ser em ti.
Dois braços pegam-me e embalam-me perto do teu peito, soluço ainda. És tu! Sinto o teu coração bater e acalmo-me com ele. Mãe!

Mas os dias teimam em seguir-se às noites, sem tempo para me acalmar nesta espera que me deixa novamente pesada e ferida...
De novo no berço, pequeno pedaço de mundo que me envolve, procuro-te e não te encontro. Um remoinho de sensações que cheiram a perigo toma conta de mim enquanto o meu choro se torna mais alto, mais sofrido, mais angustiado. Mãe...

Liliana