segunda-feira, março 21, 2011

Ó mar salgado....

Diz ao mar que pare de balançar o barco
Pede às ondas que não me desequilibrem no caminho
Convence o vento a soprar de mansinho
Que a minha rota é marítima e é difícil dobrar, da boa esperança, o cabo


A maré que me ameaça não vem da lua nem do sol
vem com a força da inquietação que em mim se faz onda e rebentação
Ah! Soubera eu acalmar esta corrente e, juro, nadaria até à beira-mar
correria pela areia e brincaria nas pequenas ondas da maré vazia


Diz ao mar que me embale o meu canto
Pede às ondas que me afaguem o cabelo
Convence o vento a enrolar-me, dançando
Que nesta rota marítima é em ti que me encanto


Sopram, decididos, os medos do vento norte
Eu, parada, não grito ao mar... nunca lhe soube falar
E o barco agita-se, desce e sobe por entre vagas de amor e morte
enquanto canto à lua para que, em sonhos, me venhas salvar


Diz ao mar que acalme estes medos
Pede às ondas que não espalhem meus segredos
Convence o vento às minhas velas soprar
para esta rota marítima em teu porto atracar

Liliana