segunda-feira, março 28, 2011

Anda ver o mar...

Abrem-se as janelas e o oceano inteiro derrete, alagando todos os quartos e salas, separando cada um dos outros, criando um abismo líquido entre mim e todos. Apresso-me a fechar as persianas lutando com a força das lágrimas que teimam em cair e encharcar o meu barco que, de repente, se vê à deriva sem terra à vista ou olhos de consolação.

Na verdade, sempre que finalmente ganho coragem e abro o baú, mais cedo ou mais tarde a água enche as janelas, galga os diques e afasta quem me rodeia. Não há nada pior que um oceano alheio que molha as nossas ideias, inunda a dispensa e põe em causa os nossas seguranças.

Mas também é verdade que, no mar que tenho em mim, vivem peixes e corais e conchas e areia molhada onde construir castelos e um mundo inteiro de oportunidades para descobrir, se mergulhando alguém perder o medo.

Sabes lá tu, que me lês nestes pequenos salpicos que deixo pingar, o quanto mar tenho ainda por navegar. E se, ao olhares para o texto te parecer ver apenas um poço, não estranhes, dentro dele está toda a água do mundo, falta-me apenas perceber como chegar a ela...

Liliana