quinta-feira, dezembro 02, 2010

Há tanto mar Chico!

Corremos às voltas duma verdade universal, duma realidade que está sempre, ainda por concretizar.
Corremos, quais borboletas rodando em roda do candeeiro, procurando a lua que imita o sol no frio da noite.
Levantamos a mão para chegar ao arco-íris, mesmo sabendo que se desvanece assim que nos aproximamos.
Levantamo-nos ainda que a força de o fazer nos obrigue a colorir o peso que carregamos aos ombros.
Sorrimos até para quem não nos vê, esperando que no meio da multidão alguém, um dia, nos ofereça as flores de que mais gostamos.
Sorrimos quando queremos fugir e como não sabemos mudar o cenário, mudamos de personagem.
Acarinhamos a mão ao nosso lado ainda que saibamos, lá no fundo, que amanhã nos pode afastar.
Acarinhamos alguém apenas para sentir que, alguém nos consegue amar.
Cantamos para apagar o silêncio e pintar o que sentimos com a forma híbrida dos sonhos.
Cantamos para nos embalar quando o sono nos acorda do dia que sonhávamos.
E sonhamos, sonhamos mesmo quando estamos acordados, de olhos bem abertos para o que nos rodeia.

Porque sabemos que há muito mais mundo do que aquele que sentimos nas nossas mãos gastas.
Há muito mais realidade do a que, através da rede dos olhos, conseguimos ver.
Há muito mais música do que algum dia poderemos absorver, ouvir, dançar, cantar ou tocar...

Há tanto mar...
Liliana





"Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo pra mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também que é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim"
"Tanto mar" de Chico Buarque