domingo, maio 16, 2010

Agarra esse sonho, Gastão!



Agarra esse sonho! Segura-o pela ponta do fio e deixa-o voar como um papagaio. As ruas desta cidade precisam de cores de formas de sorrisos...

Solta o fio! Deixa o sonho esvoaçar por entre as escadas e as ruas e as avenidas e os jardins. Esta cidade chora por um sonho verdadeiro, daqueles que se vivem no limiar da imaginação e nos levam até à mais real das fantasias.

Ai, não deixes afastar o sonho, que é meu... O sonho, que me foge flutuando sobre o rio, reflectido no azul das águas, tingindo o azul do céu. O meu sonho que invade esta cidade num remoinho de cores.

Agarra esse sonho! Segura-o bem, deixa-me olhar para ele, ver se ainda é meu... se não se afastou do caminho... aquele que sonhei... se não se perdeu das vontades... com as quais eu sonhei... Esta cidade corrompe os sonhos que voam soltos na brisa matinal.

Vês aquele papagaio? Não sei porquê, lembra-me alguma coisa, algo que perdi, que esqueci...
Vamos lançar papagaios! Esta cidade precisa de novas cores, formas, sorrisos...


Liliana





"Estou deitado no sonho não
perturbes o caos que me constrói
Afasta a tua mão

das pálpebras molhadas
Debaixo delas passa
a água das imagens"

"O caos do Sonho" Gastão Cruz, in "Órgão de Luzes"