Procuro-me no nevoeiro, ninguém me viu, ninguém me conhece, ninguém me dá a mão.
Visto-me de mil cores, arrisco, avanço, e recuo... não me encontro no meio da multidão.
Procuro-me pelas ruas dispersas da alma, procuro-me na minha solidão...
Onde estás quando preciso de ti por inteiro? Será que sentes que o meu coração chora, será que sabes que em silêncio te chama?
Porque persisto nesta busca em vão?
Procuro-me no nevoeiro que me cobre a alma. Procuro, vagueio, pergunto, anseio. Mas ninguém me viu, ninguém me conhece, ninguém me dá a mão.
Procuro-me por ruas dispersas e ao fundo vejo o Sol que se levanta. Visto-me de mil cores, avanço e recuo... perco a razão...
Procuro-me em silêncio no meio do nevoeiro, mas tudo é incerto, tudo é disperso, ninguém me conhece, ninguém me dá a mão.
Porque persisto nesta busca em vão?
Liliana Lima Nov/2008
"(...)
Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…
É a Hora!"
"Nevoeiro" de Fernando Pessoa (in Mensagem)