terça-feira, fevereiro 10, 2009

O que te diz a conchinha, Celly?

Trouxe-te uma concha da praia, sabias? Não, claro que não. Nunca ta cheguei a dar... Apanhei-a nas férias à beira-mar, meia enterrada na areia. Pensei que estava partida, como a maioria, mas estava tão bonita, tão perfeita... Como nós (naquela altura parecíamos tão perfeitos um para o outro...) meio enterrados na areia das emoções, inundados pelas ondas de um amor impossível.
Guardei-a no saco, ao lado dos cremes e da toalha. Limpei-a, lavei-a e embrulhei-a para ta dar no reencontro. Andou sempre comigo durante as férias, era como se guardasse um pouco de nós. Separava-nos um mar imenso, mas a maré trouxera-me um pouco de ti e, eu guardava-te junto a mim.
Assim que voltei, procurei-a, tirei-a do saco, limpei-a mais uma vez, pensei como ta iria dar, o que te iria dizer, como explicar que ela era tão bonita, tão perfeita... como nós (naquela altura parecíamos tão perfeitos um para o outro...) mas quando olhei para ela o encanto perdera-se, o brilho do mar já lá não estava... não dei importância pensei que era impressão minha, estava com pressa, tinha saudades, queria ver-te, falar-te, estar contigo...
Trouxe-te uma concha da praia, sabias? Limpei-a, lavei-a e guardei-a para te dar no reencontro. Mas tu não apareceste, o reencontro não existiu e a concha passou a ser só mais uma concha, meia gasta à força das ondas... como nós (gastos da força das ondas que não nos deixaram atracar na margem).
Agora, sempre que vou à praia, trago a mais bonita concha que encontrar, limpo-a e lavo-a. Guardo-a comigo até as férias acabarem e, ao voltar, prendo-a num colar que trago nos dias alegres de Verão.
Pode ser que me engane, mas acho que um dia vou-te encontrar, numa praia com uma concha na mão, que de tão bonita, tão perfeita, sem saberes bem porquê, te faz pensar em nós...
Liliana Lima 10/02/2009







"(...)

A conchinha caiu n'água

mergulhei para buscar

mas o amor que estava dentro

escapuliu, ficou no mar


e os peixinhos que passavam

então levaram o nosso amor

e agora o mart

em mais peixinhos a nadar."


Celly Campelo