sexta-feira, outubro 25, 2019

Crónicas duma separação consumada XI

Vamos! Empurra-me do sofá, que eles já não demoram a chegar.
Tentemos descomplicar a minha complicada cabeça e encaremos o Sol, de frente.
Deixa que o mar nos diga para onde ir. Está tão calma a maré, como calma devo aprender a estar, mais vezes.
Há um ultra-leve que rompe o silêncio das ondas. Acho que conhecemos o piloto, mas não me lembro do nome dele. Nunca me lembro dos nomes.

Vamos! Empurra-me deste banco e leva-me à areia molhar os pés.
Tentemos salgar os dias que, às vezes deixo passar ensonsos. 
Deixa que o Sol, de Outono, me aqueça o corpo e abra as mãos para os abraços que aí vêm. 
Há um bando de gaivotas que saltitam em torno dos barcos. Procuram restos da pesca e lutam por eles. Não gosto de pássaros. Afasto-me e saio pelo lado contrário da praia.

Vamos! Empurra-me desse nevoeiro por mim criado e por mim sentido, e leva-me neste primaveril dia de Outono fora.
Tentemos desenhar caminhos amarelos e espreitar os dois lados dos espelhos com que nos cruzarmos.
Há um mundo inteiro por descobrir na ponta de um lápis e eu tenho tempo.  Os rapazes chegam amanhã! 

Venham com calma que eu cá vos espero! 

Com muito amor, 
Mãe