quarta-feira, junho 13, 2018

promESSA

Quando me ofereceste o vaso com um laço e um beijo, vi que dos quatro pés que trazia plantados, dois eram rosas vermelhas e outros dois eram, redundantemente, cor-de-rosa.

Escolhi um novo vaso, "a sério", de barro para deixar transpirar a terra e juntei fertilizante. E esperei.

Dois dos pés deixaram cair as rosas que traziam ainda por abrir e as outras choveram pétalas em excesso. Tirei todos os ramos mortos e folhas secas. E esperei. 

Quando o sol resolveu espreitar reguei e vi que, três dos quatro pés eram habitados por uns estranhos bichos microscópicos que os rodeavam numa espécie de rede  quase transparente. A medo, usei o insecticida em toda a planta. E esperei.

Com a mesma teimosia com que o Sol deixou de brilhar os bichos, quase microscópicos, mantiveram-se tecendo redes de comunicação entre folhas e ramos, apesar dos sprays e das lavagens. Cortei os três ramos quase pela raiz. E esperei.

O único pé que não cortei, continuou a crescer, alheio à aridez envolvente. Vi o nascer de uma promessa de botão. E esperei.

Hoje, com o Sol finalmente a banhar o vaso de barro, o botão abriu em rosa e, a toda a volta dos ramos cortados, nasceram pequenas folhas dum verde muito claro.

Olhei para a rosa e para os futuros ramos e para toda a simbologia que ali cresce neste preciso momento e sorri. Tirei uma fotografia, e registei a memória "para mais tarde recordar". E espero.

Liliana Lima