Acende uma vela ao fundo para que o que é se possa mostrar.
Aproxima-te e, baixinho, junto do meu ouvido, diz-me as inverdades que conseguires manter como certas.
Aqui onde as formas dançam ao ritmo da luz da vela, tudo parece tão mais simples! O meu corpo que se entrega ao teu sem inibições ou medos. O mundo inteiro que fechamos fora da porta. E a cumplicidade entre o que é e o que apenas parece ser.
Fecha os olhos para que se apague a luz e deixa que acredite nas fadas da noite.
Mas amanhã, de olhos abertos e corpos vestidos, não deixes que o que é seja apenas o que parece.
Amanhã, na luz do dia, diz-me a cor do rio e a força do mar, por muito que não o queira ouvir.
E depois não te preocupes, haverá sempre um espaço onde, de olhos fechados, deixaremos que, o que parece possa ser.
Lili