sábado, maio 30, 2015

Baltazar

Deixo cair a manhã sobre mim e, qual Blimunda, dou-te os bons dias ainda de olhos fechados. Naqueles enormes dois segundos, em que deambulamos entre o sonhar e o ser, está a paz do nosso mundo seguro. E é nessa ilha, com forma de utopia, que deposito a certeza de, não conhecendo o amanhã, nos saber hoje.

Levantamo-nos e, ao sair da porta, mergulhamos na cidade que corre, imparável. Neste lado do universo não há olhos fechados nem tempos suspensos, apenas as vidas que seguem o seu curso tão próximas e sempre tão longínquas.

Hoje deixo cair a noite sobre mim e adormeço com os olhos nos teus. Amanhã de manhã, ao nascer do sol, dar-te-ei os bons-dias de olhos fechados. Onde quer que estejas.

Liliana