terça-feira, fevereiro 24, 2015

malaba.ris.mo

Peso na balança antiga, de pratos de cobre amolgados pelo passar dos anos, o hoje o ontem e o depois
Entrego ao lado esquerdo o peso vivo dos sentimentos, que brincam comigo esvoaçando alegres a cada nascer do Sol
E despejo à direita a ausência dos outros, que espreito e pinto no céu ainda que os saiba, eternamente tapados pelas nuvens 

Espero que a balança responda, enquanto jogo com os pesos à procura do equilíbrio que nunca encontro
Descai o prato do lado direito, meu esquerdo, que olha para mim de sobrolho franzido culpando-me pela incoerência do sentir
No entanto, ontem, podia jurar que os pratos inclinados para a esquerda e os olhos a sorrir, com o Sol a iluminar o corpo e o querer

Peso nos pratos amolgados da balança antiga de cobre, o querer os sorrisos o sentir as incoerências o desequilíbrio as ausências e os sentimentos
Junto tudo no mesmo prato, não consigo separar uns dos outros e desisti de tentar entender a ordem pela qual se vão manifestando
Pergunto-lhe para que lado me virar, e ela, antiga e amolgada, eleva os pratos à vez como quem faz malabarismo e recusa-se a responder

Liliana