quinta-feira, janeiro 08, 2015

mar.és vivas

Quando o meu e o teu corpo se tocam, diluo-me em ti.
Sangue quente que corre à força do bater da tua pulsação, humedecendo as margens e preparando a chegada das marés vivas.

Meus olhos o teu olhar que me afaga o corpo, tão mais teu que meu.
E no entanto tu, em mim comigo fora, respirando através dos meus suspiros descompassados.

Eu e tu, muito mais que um nós.
Envolvidos, amassados, moldados, recriados a cada movimento. Perdidos e reencontrados ao ritmo, uníssono, dos dois corações.

Onda e areia, leito e maré, rebentação e espuma.
Maré que se agita, onda levantada que rebenta na areia e volta ao leito que a acolhe para novamente a devolver às marés vivas que provocam as ondas e as erguem desde o leito e as rebentam na areia e de novo as recolhem para mais uma vez as erguerem e atirarem sobre a mesma areia onde rebentam e, por fim, se desfazem em espuma...

Silêncio e os meus olhos, agora nos teus.
Silêncio e nós em conjunto.
Silêncio e dois corpos abraçados.
Silêncio e a pulsação ainda acelerada.
Silêncio e o meu corpo tão perto do teu.


Liliana