terça-feira, janeiro 28, 2014

Nascer do Sol

Depois do nascer do sol deixaste de aqui estar
ficou um corpo oco, vazio e mudo
que em nada corresponde a ti
e com nada responde a mim

Depois do nascer do sol viraste a esquina depressa demais
Fiquei onde me deixaste, onde me trouxeste, sozinha
olhando as interrogações que bailavam no tecto baço
e procurando as respostas no silêncio absoluto

Depois do nascer do sol não me queres aqui
nem ali, nem mesmo onde tu próprio me desenhaste em ti
Procuro o apagador para limar a memória e não deixar
borrar aquilo que devemos sempre guardar

Antes do nascer do sol falaste-me de certezas e vontades
que viviam, afinal, apenas no teu mundo sonhado da lua

Agora, que o sol nasceu, deixaste-me com traços soltos
da imagem que gostaria de (re)fazer de ti
já que o apagador não consegue limpar o nascer do sol em mim


Liliana