e eu entrego-me nos teus braços
envolvida pelos lençóis da noite.
O teu sorriso,
libertado no lusco-fusco
reflecte os corpos que comunicam
e se unem nos lençóis da cama.
A tensão
que se adensa, nas paredes, nas cortinas,
na respiração, no conjunto de todos os sons,
no pulsar dos corpos e do coração,
acaba num remoinho de ventos e chuvas
e ondas até nos afogar,
num arrepio quente.
As mãos soltam-se
suavemente ao mesmo tempo que a música dos corpos
volta ao compasso e volume normal.
Enrosco-me em ti
enquanto me sinto voltar ao meu corpo
ao quarto e aos lençóis amassados.
Olho para ti,
sorrio e até me devolves o olhar
distante, vazio quase, longínquo.
Estou ao teu lado nos lençóis brancos,
mas tu estás não aqui, não nestes lençóis,
não comigo.
Dás-me a mão
mas deixo-me ficar, como estive afinal,
não contigo, apenas comigo.
Liliana