segunda-feira, dezembro 16, 2013

Cá dentro...

O meu jardim chora folhas amarelas e castanhas cobrindo o chão por completo. As crianças, pela manhã fria, saltitam por entre as lágrimas do meu jardim convidando-o a olhar o céu azul claro de Inverno com as suas cabecinhas cobertas com gorros e pequenas nuvens a sair pela boca quando riem.

O meu olhar fixa-se no chão, nos montes de lágrimas amarelas e castanhas que se vão formando aqui e ali, por entre os caminhos que quase não se vêem. O meu filho corre pelo tapete das árvores e chama por mim. Faço de conta que não ouço, não me apetece correr nem ver as pequenas nuvens que fogem das nossas bocas em direcção ao céu azul.

Choro com os ramos que se despem devagar e invento histórias para as folhas que caem. As manhãs de Inverno, mesmo que claras, deixam-me num sentimento melancólico de falta, ausência, talvez carência de algo que não sei nominar mas que reconheço no peito.

Percorro o jardim de um lado ao outro e despeço-me das lágrimas, amarelas e castanhas, que me deram os bons-dias e vestiram o chão matinal.

Entro na rua sem árvores até à escola, e volto para trás tentando contornar, o incontornável, jardim que leva a casa.

"Cá dentro inquietação..."


Liliana