quarta-feira, setembro 26, 2012

Vestidos compridos

Vestidos compridos esquecidos ao vento
uma menina caída no chão
Uma lágrima engolida
e a magia de uma canção
Manhã de inverno e chuva 
um grito em surdina a abraçar o medo

Vestidos esquecidos compridos ao vento
uma manhã desencantada
Escadas íngremes
natais de encantar
Um sorriso fingido
num sótão longe do mundo

Vestidos ao vento compridos esquecidos
uma tarde ao contrário
Um quarto desarrumado
e um grito na solidão
Um gato cúmplice
num teatro sem guião

Compridos vestidos esquecidos ao vento
uma tarde para apagar
A lua que grita
num telefone qualquer
Uma porta que se fecha
e não deixa sair
do céu escuro onde se pode tocar

Esquecidos vestidos compridos ao vento
uma tarde para ensaiar
Um palco montado
e uma estrela a nascer
Sapatos desarrumados
e malas por abrir
com segredos fechados

Ao vento esquecidos vestidos compridos
uma lua para desabrochar
Uma lágrima calada
na solidão da noite
Muitas casas, muitas ruas
fantasmas por apagar
Passos em falso
e medos por arrumar

Vestidos compridos esquecidos ao vento
com os sonhos e os sorrisos
descorados e rasgados à força do tempo


Liliana