quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Queria escrever-te António...

Queria escrever-te um mundo novo, inventar cada rua, plantar as casas e os prédios, os passeios e as estradas e, rimar cada flor com uma cidade sonhada.

Queria escrever-te um jardim, onde a Lua, sempre nova, sempre cheia, iluminasse as árvores todas as noites com aquele o "brilho nos olhos" que apenas os amantes...

Queria escrever-te um rio, que rompesse a cidade e me obrigasse a pontes, de palavras feitas, para unir os amores.

Queria escrever-te uma casa, com o calor das letras que fazem corar e a alegria de tantas canções por descobrir.

Queria escrever-te uma janela aberta sobre o rio, sobre a cidade, sobre este mundo reescrito, de emoções construído e em sentimentos vivido.

Queria escrever-te uma gaivota, num voo sereno, planando a areia da praia com o mar inteiro nos olhos e o pôr-do-sol no peito.

Queria escrever-te uma carta, tecer o papel num emaranhado de letras, aparentemente caótico, onde pudesse recortar todas as dores, apagar a saudade e sublinhar as carícias.

Depois, com o envelope bem fechado... q
ueria respirar fundo, olhar em frente e escrever-me um novo "eu".

Liliana

'Carta de um contratado'
de António Jacinto do Amaral Martins
cantado por Fausto