segunda-feira, setembro 06, 2010

Há quanto tempo não vês borboletas, Pedro?!


É verdade ou não é que um bater de asas vira o mundo ao contrário, no meio de repentinos furacões e inesperados tropeções, toda a Terra parece uma pequena flor num livro de herbário...

Ah! Mas se um bater de asas, na hora certa... até os relógios se obrigam a parar apenas para aquele momento espreitar com olhos de quem espera sentir o coração, um dia, assim a voar.

Se é verdade ou mentira que esse sopro pode durar, que esse segundo pela vida se vai prolongar, de nada interessa a quem o vivenciar, pois aquele bater de asas ficará para sempre a soar.

Então, digam lá se é verdade ou não é que um bater de assas pode uma vida mudar, ainda que apenas enquanto um arco colorido no céu brilhar...

Pois eu cá, borboleta alegre voando, espero alguém encantar neste eterno dia em que, as asas batendo no ar, me elevam e me fazem acreditar!

Liliana




"Ele passou por mim e sorriu,
e a chuva parou de cair,
o meu bairro feio torna-se perfeito,
e um monte de entulho, um jardim.

O charco inquinado voltou a ser lago,
e o peixe ao contrário virou.
Do esgoto empestado saiu perfumando,
um rio de nenúfares em flor.

Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.

Sei que a chuva é grossa que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar por favor!


No metro enlatado os corpos apertados,
suspiram o ver-me entrar.
Sem pressas que há tempo, dá gosto o momento,
e tudo mais pode esperar.

O puto do cão com seu acordeão,
põe toda a gente a dançar,
e baila o ladrão, com o polícia p'la mão,
esvoaçam confetis no ar!

Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.

Sei que a chuva é grossa que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar por favor!

Há portas abertas e ruas cobertas,
e enfeites de festas sem fim,
e por todo o lado é ouvido e dançado,
o fado é cantado a rir.

E aqueles que vejo, que abraço, que beijo,
falam já meio a sonhar,
se o mundo deu nisto, e bastou um sorriso,
o que será se ele me falar?"

"Passou por mim e sorriu" de Pedro da Silva Martins
cantado pelos Deolinda