segunda-feira, julho 19, 2010

Para quem escreves tu, Zeca?!


Para quem eu escrevo? Para ti!
Para que me leias, porque sei que me entendes nas entrelinhas. Sim, eu sei que me sentes em cada palavra, que me revês em cada silêncio, que talvez até me prevejas em cada parágrafo.
É por isso que sempre escrevi para ti.
Porque a ti não tenho de explicar a história desde o início para que faça sentido. Porque em ti tenho a confiança suficiente para me despir letra-a-letra sem medo de me sentir julgada, criticada ou ameaçada.

Escrevo para ti desde que escrevo por mim.
E cada frase é um reafirmar de tantos pulsares quantos os que respiram fora da galáxia das palavras. Viver é uma actividade quase paralela a escrever, e tu vives comigo através da escrita, por muito longe e inatingível que estejas.

É nas palavras que te encontro, naquelas em que tropeço durante a confusão dos dias e me perseguem pelos corredores dos relógios e do trânsito e das histórias e, sem saber bem porquê, me conduzem aqui até as escrever - para ti.
Liliana


"Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja bem vindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também"


"Traz outro amigo também" de José Afonso