quarta-feira, maio 20, 2009

É neste caminho que vamos continuar, Jorge!

Estendo-te a mão. Convido-te a vires comigo, a acompanhares-me neste caminho onde sei que quero continuar. Dizem os outros que doem mais os embates nesta estrada. Deixo-os falar. Enquanto for possível acreditar, é neste caminho que vou continuar.

Estendo-te a mão. Para que me deixes entrar e te possa mostrar como é bonita a vida vista daqui. Será real? Perguntas sorrindo. Vivamos felizes com a certeza que tudo não passa de uma utopia. Desde que eu consiga acreditar, é este o caminho por onde vou continuar.

Estendo-te a mão. Conto-te com quantas cores se veste o arco-íris e como cantam no céu as estrelas em noites de lua cheia. Abro a janela e deixo-te espreitar o mundo visto do alto do meu castelo de areia. É por aqui, é sempre por aqui que eu vou continuar.

Estendo-te a mão. Puxo com força a escada para chegar a ti. Tens de a saber sonhar para poderes experimentar. Apanho uma borboleta que voa alegre e entrego-ta como prova da minha certeza. Olhas para mim, sorris, e deixas-me seguir nesta estrada onde, acredito, que vou continuar.

Estendes-me a mão e levas-me a passear. Navegamos no azul do rio e sorrimos às gaivotas que nos dizem adeus brincando com as nuvens. Acompanho-te, sorrindo, percorrendo o caminho por onde me queres levar. Mas à noite, volto sempre à minha estrada. À estrada por onde, sabemos, que irei continuar.

Liliana Lima


"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar"

"A gente vai continuar" de Jorge Palma