quinta-feira, dezembro 11, 2008

Passamos pelas coisas de Andrade...

"Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:

se alguém chama por nós não respondemos,

se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,

vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade - As mãos e os frutos


Passamos uns pelos outros, sem nos tocarmos, quase sem nos olharmos.
Passamos uns pelos outros sem nos darmos, sem nos sentirmos.

Se um de nós, em sentido contrário nos chama... passamos sem ouvir, estranhos a um comportamento que desconhecido. Se um de nós, em contramão nos ama... passamos sem sentir, críticos a um comportamento desinibido.

Passamos uns pelos outros correndo, e vamos viviendo sem sabor, envelhecendo, apodrecendo, ficando gastos...

Porque deixámos de sentir? Porque deixámos de responder? Porque deixámos de viver?

Voltemos atrás! Tenhamos a coragem de estrecemer, de viver, de sentir, de chamar, de pedir e de amar!

"É urgente um barco no mar..."

LL 30-03-2008