quarta-feira, novembro 26, 2008

Quantas vezes me deixo levar...

Quantas vezes, me deixo levar
e enganada me vejo
quem me dera estar segura
que tudo o que desejo
apenas no meu conto vai morar
(à minha querida Sofia)

"A cantar, a cantar é que te deixas levar

A cantar tantas vezes enganada te vi
Ai Lisboa, quem te dera estar segura
Que o teu canto é sem mistura
E nasce mesmo de ti

Lenço branco
Perdeste-te no cais
Pensaste "nunca mais"
Disseram-te "até quando"?
A cantar
Fizeram-te calar
A dor que, para dentro, ias chorando
Tanta vez
Quiseste desistir
E vimos-te partir
Sem norte
A cantar
Fizeram-te rimar
A sorte que te davam com má sorte

A cantar, a cantar é que te deixas levar
A cantar tantas vezes enganada te vi
Ai Lisboa, quem te dera estar segura
Que o teu canto é sem mistura
E nasce mesmo de ti

Tanta vez
Para te enganar a fome
Usaram o teu nome
Nas marchas da Avenida
A cantar
Puseram-te a marchar
Enquanto ias cantando distraída
A cantar
Deixaram-te sonhar
Enquanto foi sonhar à toa
A meu ver
Fizeram-te esquecer
A verdadeira marcha de Lisboa

A cantar, a cantar é que te deixas levar
A cantar tantas vezes enganada te vi
Ai Lisboa, quem te dera estar segura
Que o teu canto é sem mistura
E nasce mesmo de ti

A cantar, a cantar é que te deixas levar
A cantar tentas vezes enganada te vi
Ai Lisboa, quem te dera estar segura
Que o teu canto é sem mistura
E nasce mesmo de ti"

"A cantar" - José Mário Branco

(cantado pelo Camané no CD "Pelo dia Dentro")