Falamos, falamos, falamos... tantas vezes só para nos ouvirmos falar, para validarmos os nossos pensamentos, as nossas decisões, as nossas opções.
Mas há coisas sobre as quais não se deve falar muito, como os sonhos... antes devemos protegê-los, alimentá-los e mantê-los. Não em segredo, fechados do mundo... Partilhados com quem entenda a língua dos sonhos, mas resguardados dos cépticos, dos calculistas e dos não-crentes (não poucas vezes representados por nós mesmos)...
“Não se deve falar demasiado... A vida espreita-nos sempre...
Toda a hora é materna para os sonhos, mas é preciso não o saber...
Quando falo demais começo a separar-me de mim própria e a ouvir-me falar.
Isso faz com que me compadeça de mim própria e sinta demasiadamente o coração.
Tenho então uma vontade lacrimosa de o ter nos braços para o embalar como a um filho...”
Fernando Pessoa in O Marinheiro