terça-feira, novembro 21, 2006

O Poeta Teixeira de Pascoaes


Poeta

Quando a primeira lágrima aflorou
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.


Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade...
Sou, em futuro, o tempo que passou-
Em num, o antigo tempo é nova idade.


Sou fraga da montanha, névoa astral,
Quimérica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.


Sou o homem de si mesmo fugitivo;
Fantasma a delirar, mistério vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.


Teixeira de Pascoaes in Poesia de Teixeira de Pascoaes
(Editorial Comunicação)