Todos somos tolerantes até que a diferença nos bate à porta
ansiedade de querer o que não conseguimos, na verdade, conter
Abrimos as janelas em par ao ameno pôr-do-Sol de Outubro
mas depressa corremos as cortinas nas tardes, claras, de Verão
Defendemos as cores mais absurdas nas roupas dos outros
nunca comprometendo a segurança, cinzenta, do vestidinho escuro
Tecemos discursos assertivos para afastar os medos alheios
e dentro armário nos escondemos dum, inofensivo, trovão
Manifestamo-nos nas ruas pela construção dum novo futuro
que em nossas casas não sabemos, nem queremos, acolher
Ah, quantas promessas fazemos neste chão árido e imaturo
das redes dum mar morto onde há, apenas, desencontros
Todos somos tolerantes até que a diferença nos bate à porta
Liliana
