Vem comigo procurar os pássaros que habitam a noite. Deixa-me aproximar devagar e ensina-me como dizer o seu nome.
Vem comigo por este oceano dentro, saibamos esperar no vai e vem das ondas por aqueles que se deixarem mostrar, barbatana de fora, dançando a valsa dos peixes.
Vem comigo descobrir as entranhas desta terra cuidadosamente plantada no meio do mar. Mostra-me a respiração de Deus, que levanta um véu sobre estas flores de mil cores.
Vem comigo até ao alto das nuvens e lá de cima, como que planando sobre os campos, mostra-me a vista a perder de vista desta manta pelos anjos bordada.
Vem comigo mergulhar nas rochas e nadar com os peixes, sem acordar os caranguejos que descansam ao sol.
Vem comigo ao lado de lá, onde as rochas provocam o mar e o sol diariamente se deixa morrer de amor pelo horizonte azul.
Deixemos as horas desacelerar que aqui o tempo anda mais devagar.
Em breve o dia adormecerá.
E as cagarras cantarão mais forte.
E as baleias mostrar-se-ão sem timidez.
E as grutas vestir-se-ão de negro.
E as fumarolas continuarão a respirar.
E os campos preparar-se-ão para o anoitecer.
E as piscinas deixar-se-ão cobrir pelas ondas.
E as praias desertas serão habitadas pelos sonhos de quem as avistou.
E tu virás comigo ver o luar que reflectirá nas águas desta praia à nossa janela plantada.
Vens?!...