sábado, abril 13, 2019

MARgens

É cá dentro que continuas a dizer-me bom dia
É cá dentro que me acompanhas na eterna correria
É cá dentro que me visto de ti para me construir a mim

Querias ficar no Tejo, disseste-me um dia
Querias ficar nas águas que tantos anos te banharam
Querias ficar ali

Podem as margens conter-te de uma só vez?
Podem as águas embalar o teu sono de vez?
Posso largar-te sem quebrar os laços que nos juntaram?
E, por consequência, perder-me nas lágrimas que se afundaram?

Quantas vezes choramos um adeus?

Queria deixar-te no Tejo, como pediste um dia
Deixar-te em paz nas águas que tão bem conhecias
Queria deixar-te ali

Se é cá dentro que continuas a florir
Nas receitas
Nas feições
Nos dizeres
Nas graças
Nas roupas
Nos gostos
Nas escolhas
Nas canções
Nos caminhos
Porque pesavas tanto, quando te deixei cair?

Podem as margens conter-te de uma só vez?
Podem as águas embalar o teu sono de vez?
Posso largar-te sem quebrar os laços que nos juntaram?
E, por consequência, perder-me nas lágrimas que se afundaram?

Quantas vezes choramos um adeus?


Liliana Lima