E quando uma noite branca escurece num qualquer chão de cozinha desarrumada?
Quando uma flor aberta murcha num vaso esquecido?
Quando uma cama quente se deixa esfriar num milésimo de segundo?
Quando os lábios que recebem um beijo se não se permitem descongelar?
Quando o abraço que se levanta deixa vazio o corpo que fica deitado?
O que fazer com o branco da noite que nos escorre pelss mãos abertas?
Como semear uma nova flor num vaso sem água nem terra?
Como manter quentes os lençóis de seda azul celeste desmanchados pelo amor que ali se fez?
Como prolongar o beijo para lá dos lábios?
Como deixar um pouco do calor, da paixão, da alegria dum abraço, num corpo que se mantém só ao nosso lado?
Como ser suficiente quando a ferida vai para além dos limites dos mapas estelares que conhecemos?
Como amar alguém que teima em sentir-se abandonado?
Liliana Lima