domingo, dezembro 13, 2015

DIZ-me

Diz-me, porque me manténs aqui, encostada à palma da tua mão que pensava aberta e afinal sangra a cada toque da minha pele?
Diz-me, porque me deixas deitar-me ao teu lado todas as noites que achava de luar e afinal  sem nenhuma lua, nem nova, a iluminar o teu lado da cama?
Diz-me, porque me permites esta proximidade tão nossa se afinal, não estás aqui estando, sentado ao meu lado?
Diz-me, porque me manténs inteira no abraço que me dás, pensava, enroscado em mim e afinal com o corpo tenso, dorido à força de, não estando estar?
Diz-me, porque me dizes de ti sabendo que de mim ponho tudo o que tenho, pensando que te apoiando e afinal apenas mais um peso no pesar das horas?
Diz-me, porque me sorris quando olho para os teus olhos que sempre me pareceram tão meigos, e afinal numa fuga?
Diz-me, porque deixas que o meu corpo no teu se dilua no que achava um tango a dois, se afinal uma viagem disfarçada com os fantasmas com que, afinal danças?

Diz-me, porquê dizer-me que sangras sem luar, não estando no passar das horas, mas sim numa fuga, num disfarce?

Liliana