"Há dias
Em que não cabes na pele
Com que andas
Parece comprada em segunda mão
Um pouco curta nas mangas
Há dias
Em que cada passo é mais um
Castigo de Deus
Parece
Que os sapatos que vês
Enfiados nos pés
Nem sequer são os teus
À noite voltas a casa
Ao porto seguro
E p'ra sarar mais esta corrida
Vais lamber a ferida
Para o canto mais escuro
Já vi
Há dias em que tu
não cabes em ti
Arranca
Da cara desse torpor
Que te perde e te seduz
A espada como a um Matador
Com o gesto maior
Do seu peito Andaluz
Avança
Com a raiva que sentes
Quando rangem os dentes
Ao peso da cruz
Enfim,
Há dias em que eu
Também estou assim
Parece que pagamos os
Pecados deste mundo
Amarrados aos remos de um
Barco que está no fundo."
João Monge
(cantado pelos Ala dos Namorados)
Há dias em que precisava de um colo daqueles que nos parecem dizer que por mais borradas que fizermos estarão sempre lá para nos acolher.
Há dias em que gostava de não ser mais do que o me é esperado ser.
Há dias em que preferia ter mais confiança em mim e ser eu própria sem ter de pedir licença.
Há dias em que gostava que as vidas não fossem complicadas e os sentimentos pudessem ser genuínos.
Porque há dias em que sinto uma enorme necessidade de falar de forma genuína, sem medos, sem amarras, sem máscaras, nem julgamentos.
E há alguns dias em que tento, outros em que até consigo, outros em que nada parece funcionar...
Enfim, nada de novo a leste do paraíso...