domingo, fevereiro 07, 2021

eXoESqueleto

Sai de dentro do exoesqueleto
dá-me a tua mão e fecha os olhos.
Ouve a minha canção e entra
neste conto, que nasce bem dentro
das histórias de outros tempos,
onde tudo em ti se concentra.
 
Há dias compridos que não dão tempo
para acordar e sair desse cinzento.
Levantar o teu corpo que te olha
tão longe de ti, e ainda assim,
se enrola numa escura mortalha
que te embala enquanto sufoca.

 

Posso ser mastro do teu navio,
zarpando à força do meu suspiro.
Posso ser o chão do teu caminho,
e, firme, os teus passos equilibrar.
Posso ser o pão do teu dia,
e o amor e confiança fermentar.

 

Sai de dentro do exoesqueleto,
dessa incómoda comodidade
onde, no escuro, te deixas ficar.
Dá-me a mão e deixa-me mostrar
o que chega com as ondas do mar.
A água salgada que te pode sarar
feridas escavadas na tua verdade.
 
Há dias compridos que não dão tempo
para despir o peso que só tu conheces,
pintar o sorriso que todos esperam,
e esconder o que não queres que vejam.
Então, fechando a porta do quarto,
deitas-te e respiras em contratempo.

 

Posso ser mastro do teu navio,
zarpando à força do meu suspiro.
Posso ser o chão do teu caminho,
e, firme, os teus passos equilibrar.
Posso ser o pão do teu dia,
e o amor e confiança fermentar.


Liliana Lima