Meus queridos, tenho andado às voltas com uma preocupação que me assalta o sono de quando em vez. É assim como que um mau estar que aparece do nada e com o nada faz aumentar a pulsação e a sensação de que nada posso fazer a não ser deixar passar a onda...
Diz o poeta* que "é preciso avisar toda a gente", mas eu já não tenho essa pretensão.
Quero dizer-vos a vocês, meus amores, que o mundo não se pinta a preto-e-branco.
Quero explicar-vos a vocês, meus amores, que as acções dos outros não se podem ler com os olhos de quem não fez a sua viagem, de quem não conhece o que carregam na sua bagagem.
Quero muito que entendam, meus amores, que sempre que julgamos quem se senta ao nosso lado, temos primeiro que experimentar o lugar onde seguiam.
Preciso de acreditar, meus amores, que vocês vão saber nadar contra a corrente e não seguir cegamente nenhum carreiro, porque mudar de rumo não é uma fraqueza é uma prova de inteligência e amor-próprio.
Quero ensinar-vos, meus amores, que ouvir alguém, ouvir a sério olhos-nos-olhos, não é obrigatoriamente entender, perceber ou mesmo concordar. Quantas vezes gostamos de pessoas de quem discordamos aqui e ali.
Quero dizer-vos, meus amores, e acho que isto é muito importante, que ouvir/vendo as outras pessoas, é ser capaz de ser solidário mesmo quando não compreendemos ou concordamos totalmente com elas.
Diz o poeta* que é preciso "dar a notícia, informar, prevenir", assim o tento, mas não a toda a gente que já me deixei de utopias.
Mas a vocês, meus amores, a vocês quero avisar que devem sempre desconfiar de discursos inflamados e muito cheios de si. Quem não tem espaço para dúvidas, não tem espaço para acolher o diferente.
Mas a vocês, meus amores, a vocês quero explicar que quem não consegue acolher (reparem na palavra que escolhi) o que nos é contrário, estranho, difícil de perceber, nunca conseguirá ver o mundo para além duma paleta de cinzentos.
Diz o poeta* que é "preciso, imperioso e urgente", e vocês são as minhas flores.
Por isso vos trago a notícia, a linha que divide o certo do "in"certo é ténue, curvilínea e muito instável. Não se encostem, não se deixem embalar, não cedam a certezas empacotadas com laços coloridos.
Por isso vos trago a notícia, a linha que divide o certo do "in"certo é ténue, curvilínea e muito instável. Não se encostem, não se deixem embalar, não cedam a certezas empacotadas com laços coloridos.
Pensem. Estudem. Questionem. Tomem decisões. Pensem. Questionem. Estudem. Mudem de rumo, se assim acharem. Pesem. Questionem. Tomem decisões. Questionem. Pensem. Questionem...
Com muito amor,
Mãe
Com muito amor,
Mãe
*Luís Cília - É preciso avisar toda a gente