Embrulho-me numa folha de papel e procuro o aconchego do bico do lápis de carvão
Procuro, revolto, despejo todas as narrativas que guardo na mala, mas não encontro o apoio incondicional do bico do lápis ao riscar o papel
Está frio, lá fora
Sem alternativas peço ao ecrã do telemóvel que aceite acolher as minhas palavras
Elas procuram-me,as palavras, costumo dizer. Mas quando me sinto perdida, são elas que me encontram e pedem para ser escritas.
Está frio, lá fora
Mas, sei-o, tenho já toda a história contada e resolvida
Ainda que sem o lápis de carvão, mesmo tendo de recorrer ao écran frio do telemóvel. Sinto as palavras coladas ao corpo, como uma manta quente e macia, aconchegando e traçando o caminho de volta, a mim
Lá fora, está frio...
Liliana Lima
Eu sei, Lá fora a chuva cai O sono já lá vai e outra vez eu te amei eu sei, (penso em ti, penso em ti) quando o sol nascer (penso em ti, penso em ti) vou ter que perder o medo de te dizer sou eu quem vai mudar sou eu quem vai sair talvez até chorar não sei, o que estará para vir talvez eu vá mentir o que lá vai, lá vai lá fora a chuva cai eu sei, (penso em ti, penso em ti) que a tristeza vem (penso em ti, penso em ti) ao deixar alguém a quem tanto me dei eu sei, (penso em ti, penso em ti) talvez vá perder (penso em ti, penso em ti) doa a quem doer vou ter que te dizer não sou eu quem vai mudar sou eu quem vai sair talvez até chorar não sei, o que estará pra vir talvez eu vá mentir o que lá vai, lá vai lá fora a chuva cai eu sei sou eu quem vai mudar sou eu quem vai sair talvez até chorar não sei o que estará pra vir talvez eu vá mentir o que lá vai, lá vai lá fora a chuva cai eu sei... penso em ti
Letra de Adelaide Ferreira e Luís Fernando, música de Tozé Brito e orquestração de José Calvário.