sexta-feira, agosto 10, 2018

os DIAS em que (não) SOMOS

Olho para o jardim 
onde a vida (de)corre dentro 
da normalidade dos dias quentes.

Lá fora uma leve brisa 
faz as folhas das árvores dançar.
Cá dentro uma ventania
despenteia ideias 
e desarruma sentimentos. 

Chegam os dias em que somos,
cada um 
e deixamos de ser 
nós.

Vês o Sol que anuncia  
a sua chegada no alto de cada
alvorada?

Ouves o mar que canta
a morte anunciada na volta 
de cada onda? 

Olho o jardim e sei-te saíndo,
de malas feitas e vontade de silêncio.
fugindo dos dias, cansados, extenuados.

Lá fora o dourado da tarde
pinta a vida que vive no jardim.
Cá dentro um crescente vazio
afoga as palavras nascem em mim.

Vês as estrelas, altas
que te dizem a morada
das histórias em que estou?

Ouves os aviões, rasteiros
que abafam a vida que não há
quando estamos sós?

Chegam os dias em que somos,
cada um 
e deixamos de ser 
nós.

Liliana