Olho para o jardim
onde a vida (de)corre dentro
da normalidade dos dias quentes.
Lá fora uma leve brisa
faz as folhas das árvores dançar.
Cá dentro uma ventania
despenteia ideias
e desarruma sentimentos.
Chegam os dias em que somos,
cada um
e deixamos de ser
nós.
Vês o Sol que anuncia
a sua chegada no alto de cada
alvorada?
Ouves o mar que canta
a morte anunciada na volta
de cada onda?
Olho o jardim e sei-te saíndo,
de malas feitas e vontade de silêncio.
fugindo dos dias, cansados, extenuados.
Lá fora o dourado da tarde
pinta a vida que vive no jardim.
Cá dentro um crescente vazio
afoga as palavras nascem em mim.
Vês as estrelas, altas
que te dizem a morada
das histórias em que estou?
Ouves os aviões, rasteiros
que abafam a vida que não há
quando estamos sós?
Chegam os dias em que somos,
cada um
e deixamos de ser
nós.
Liliana